sábado, 20 de novembro de 2010
RL Cinema e Prêmio Dardos
Com muita felicidade que recebo o Prêmio Dardos pelo meu blog.
Foi de repente, recebi a noticia e fiquei muito feliz por isso.
Então agradeço pelo premio entregue pelo blog Panico Psicotico
ao blog RL Cinema.
"O Prêmio Dardos é o reconhecimento dos ideais que cada blogueiro emprega ao transmitir valores culturais, éticos, literários, pessoais, etc... Que em suma, demonstram sua criatividade através do pensamento vivo que está e permanece intacto entre suas letras, e suas palavras. “Estes selos foram criados com a intenção de promover a confraternização entre os blogueiros, uma forma de demonstrar o carinho e reconhecimento por um trabalho que agregue valor à Web"
Para receber o prêmio, é necessário seguir as regras:
1- Exibir a imagem do Prêmio do Blog
2 - Revelar o linkdo blog que atribuiu o Prêmio
3 - Indicar outros (sem limites) para premiar
Os blogs que eu indico são:
Barbara Souza
Panico Psicotico
WAMDERSILVA
Poesias de Mariana Lopes
Lescepheides
sábado, 2 de outubro de 2010
CAPÍTULO 2 BITOLAS E FORMATOS - PARTE 1/3
assim no conceito de formato. Apenas com a revolução de George Eastman em 1888, a película fotográfica passou a ser comercializada em rolos flexíveis (consultar História da Fotografia).
Quando nasceu o cinema, primeiramente através do Kinetoscópio de Edison, foi necessária a confecção de uma tira fotográfica contínua que dispusesse de perfurações adequadas ao mecanismo de tração da câmera e do projetor. Assim Eastman fabricou, sob encomenda de Edison, uma película com 35mm de largura, e a esta medida da tira da película é que chamamos Bitola.
A película de 35mm de Edison diferencia-se das atuais apenas quanto ao número e formato das perfurações, com menos perfurações por fotograma e estas arredondadas, e não retangulares como hoje.
No início do Kinetoscópio de Edison, o tamanho máximo (em comprimento) da película que a tecnologia de então poderia fabricar era 17mts., razão pela qual os filmes do Kinetoscópio não duravam mais que um minuto e meio. Mas a demanda de produção, depois que os Lumière projetaram a película para fora do aparelho de Edison (inventando, assim, o que chamamos propriamente de cinema) era grande, e com o advento de novas tecnologias de construção e fabricação das câmaras, as películas conseqüentemente também tiveram que acompanhar tais tecnologias. A guerra das patentes,concorrência comercial e praticidade de uso foram fatores determinantes para a criação de outras bitolas cinematográficas, num grande e variado número: 3mm, 8mm, 9.5mm, 11mm, 13mm,17mm, 17.5mm, 18mm, 22mm, 24mm, 26mm, 28mm, 30mm, 50mm, 62mm, 63mm, 65mm e 70mm, e outros ainda que não chegaram nem ao comércio. As bitolas que sobraram desta lista e ainda estão em uso são o Super-8, 16mm e o 35mm. Em alguns lugares ainda se usa, para fins específicos, o 70mm.
A figura ao lado nos mostra em escala verdadeira uma comparação entre as 3 principais bitolas utilizadas no Brasil, da esquerda para a direita, 35mm, 16mm e Super-8. É claro na figura que, ao variar a largura da tira, conseqüentemente o tamanho da imagem formada também se altera, tanto em tamanho e proporção como em qualidade (quanto maior, melhor). Ademais, as perfurações são diferentes na mesma medida, impossibilitando qualquer compatibilidade entre bitolas, ou seja, uma câmera de 16mm não comporta nem Super-8 e nem 35mm, por exemplo.
Fig. 1 – Comparativo entre bitolas: 35mm, 16mm
e Super-8.
O FORMATO
O formato é a área útil de impressão num negativo, e é calculado levando-se em conta a relação entre altura e comprimento do retângulo onde será impressa a imagem captada pela câmera .Uma mesma bitola pode conter vários formatos, dependendo da janela utilizada na câmera ou na projeção. Mas não se trata de uma relação aleatória, são valores estabelecidos pelos padrões da indústria cinematográfica, pois, do contrário, todo o cineasta deveria mandar fabricar janelas específicas para a exibição de seus filmes, o que tornaria a comercialização inviável.
Tais valores são relações numéricas independentes da unidade de medida utilizada; são proporções, como por exemplo 1:2, 1:2,4 (que representam a razão entre altura e a largura do fotograma).
Como deve existir uma compatibilidade entre a captação e a projeção para que o quadro não seja cortado ou fique sobrando na tela, tanto as janelas da captação quanto as da projeção seguem padrões de proporção.
Quando as cópias finais vão às salas de exibição de cinema,dentre as informações do rótulo, uma das mais importantes é justamente a janela em que foi captado. Sem essa informação,o projecionista não saberá que formato foi escolhido, e aprojeção poderá ser sofrível: ou a imagem fica cortada,comprometendo o enquadramento, ou talvez pior, a janela deixa passar o fim do cenário, iluminação e os microfones que normalmente não deveriam aparecer.
Os formatos padronizados mais comuns são os seguintes:
Assim como as bitolas, diversos outros formatos já foram utilizados na história do cinema, alguns sobreviveram e outros acabaram por diversos motivos; independente disso, é sempre preciso considerar o suporte final de exibição para escolher qual o melhor formato na captação.
Devemos lembrar que o formato também influencia diretamente o enquadramento, e, conseqüentemente, sua estética.
Nem todas as bitolas gozam de variadas opções de formato, apenas o 35mm possui uma vasta gama, e por isso vamos analisar cada uma das bitolas e seus formatos.
35mm
A bitola de 35mm é de longe a mais utilizada. Foi a primeira bitola do cinema e ainda hoje é o suporte mais comum para todos os longas-metragens de exibição comercial, bem como uma das mais utilizadas na publicidade. O 35mm representa uma ótima relação entre o custo e a
qualidade do material final, já que o 16mm tem baixa qualidade comparativamente e bitolas maiores são extremamente caras.
Observe na figura ao lado um quadro comparando o tamanho da área útil de um fotograma 35mm em relação a outras bitolas.
Mesmo no formato 1:1,33, a área útil do 35mm é pouco mais que 4 vezes maior que a área do 16mm, incorrendo numa qualidade de captação muito superior a qualquer uma destas bitolas.
O 35mm também é a única bitola em que é possível a utilização de quase todos os formatos disponíveis no mercado, desde o full-screen 4:3 utilizado na televisão até os panorâmicos 1:2,35 do cinemascope.
Os formatos mais utilizados no 35mm são os apresentados a seguir, com a unidade métrica real do tamanho da janela, em polegadas (entre parênteses):
Formatos para Bitola 35mm
Full Screen 1:1,33 (0,980"x 0,735") – Formato Mudo (atualmente utilizado para TV)
Janela 1:1,37 (0,868"x 0,631") - Formato Acadêmico
Janela 1:1,66 (0,868"x 0,523")
Janela 1:1,78 (0,868"x 0,496") (próx. 16:9 – formato para TV WideScreen)
Janela 1:1,85 (0,868"x 0,469")
Janela 1:2,2 (anamórfico)
Janela 1:2,35 ou 2,40 (anamórfico ou Super35)
A janela Full Screen só é utilizada para finalização em TV ou cinemascope (ver adiante), já que ela ocupa praticamente toda a área útil da bitola e não permite, com isso, que o som seja impresso numa cópia final. As demais são utilizadas com bastante freqüência, sendo que as preferências variam de acordo com as tradições. Nos EUA, por exemplo, o 1:1,37 era o formato oficial, e depois da década de 50, o 1:1,85 passou a ser o preferido. Já na Europa, há uma genérica preferência pela janela 1:1,66 e também para formatos panorâmicos.
Ao lado, dois exemplos de formatos na mesma bitola de 35mm: à esquerda, 1:1,37, e à direita, 1:1,66.
Reparem que para deixar o fotograma mais retangular, é necessário diminuir seu tamanho físico, para que ele encaixe na medida da bitola, e por isso há um limite para deixar a imagem mais panorâmica, já que quanto menor for o fotograma, menos qualidade ele terá, e por isso 1:1,85 é o limite normal do 35mm. Portanto, as possibilidades de utilização do 35mm são estas:
Fig. 7 – Relação dos formatos utilizados em 35mm
16mm
O 16mm foi criado com a intenção de servir como bitola caseira, para uso amador, ainda na década de 20, como alternativa mais barata ao 35mm. Dentre várias tentativas, a única sobrevivente de dezenas foi justamente o 16mm. A bem da realidade, o 16mm também já não deveria existir, pois já tinha sido substituído na década de 30 pelo 8mm como bitola amadora, mas um fator foi determinante para sua sobrevivência: a televisão.
Em seu início, a TV não dispunha de vídeo-tape, ou seja, não existia uma forma de registrar o sinal eletrônico da TV, e toda a programação era feita ao vivo. Mas e no caso de comerciais, reportagens e documentários? Alguns também eram feitos ao vivo, mas na impossibilidade de transmitir na hora adequada, a saída mais simples era o registro cinematográfico. Durante quase 30 anos, até a invenção do vídeo-tape em 1957, a televisão se valeu do cinema para o registro de grande parte de sua programação, e como o objetivo era a projeção numa pequena tela de 14 polegadas, não havia necessidade de se utilizar do 35mm, maior e mais caro. O 16mm não só era mais barato como também se adequava perfeitamente ao formato da TV, 4:3 ou 1:1,33. Muito comum na década de 70 e 80 era a utilização de filmes 16mm reversíveis com banda sonora magnética, que permitiam a captação do som já na própria película (como é feito atualmente
em qualquer câmera da vídeo), e que agilizavam muito o trabalho do telejornalismo.
Por este motivo, o 16mm passou a ser considerado também uma bitola profissional, na medida em que o mercado de cinema publicitário se utilizou (e se utiliza) largamente dele até hoje.
Originalmente o 16mm era encontrado com perfuração dos dois lados, pois era projetado sem som, ou então finalizado em vídeo. Atualmente, só é utilizado este tipo de película com dupla perfuração na cinematografia científica, em câmeras de high speed que filmam a mais de 1.000 f.p.s.
A bitola 16mm atualmente se apresenta assim:
Fig. 8 – 16mm, à esquerda uma cópia positiva, sem som e com
perfuração dos dois lados; à direita, negativo com perfuração do lado
esquerdo. Os dois não estão na proporção real.
Reparar que cada perfuração corresponde a um fotograma, (diferente do 35mm em que cada fotograma equivale a 4 perfurações), e que estas perfurações estão exatamente no meio, entre um fotograma e outro, dando um espaço mínimo entre cada fotograma e dificultando muito a
finalização em 16mm. No caso do negativo, toda a área do lado direito da película em que não há imagem é destinada à inclusão do som na cópia final.
Formato para Bitola 16mm
Janela 1:1,37 (0,404"x 0,295") – Formato Acadêmico
Por padrão, todo a câmera 16mm tem janela 1:1,37, assim como toda a projeção.
Portanto, ter perfuração dupla ou simples só faz diferença numa câmera de high speed com grifa dupla, pois todas as outras câmeras comuns e projetores só tem uma grifa, do lado esquerdo, não comprometendo de maneira nenhuma caso haja perfuração dos dois lados.
Atualmente, o 16mm ainda encontra espaço principalmente em produções para TV (comerciais, séries) e para a cinematografia acadêmica e experimental de curtas-metragens independentes e/ou universitários, em que os custos de produção, bem menores que os de 35mm, bem como a possibilidade de experimentação, fazem dele uma bitola ideal para o exercício e a vanguarda cinematográfica. Apesar disso, sua qualidade e som não podem ser comparados ao 35mm.
Sistema 65/70mm
Foi inventado em 1929, ainda no cinema mudo, mas ficou esquecida e restrita até a década de 50. No início da década de 40, as pesquisas no campo da tecnologia de transmissão eletrônica de imagens já haviam chegado, nos EUA, a um grau de excelência que possibilitaram a invenção da TV comercial. Num primeiro momento, este avanço não chegou a incomodar, mas já na década de 50, a TV representou para o cinema a inclusão de um concorrente direto e potencialmente promissor, e cuja conseqüência mais próxima seria sua extinção.
Levando-se em conta que o cinema era uma das maiores fontes de renda americanas, a televisão punha-se como um rígido anteparo ao avanço das produções em película, tanto pela comodidade de assistir filmes pelo aparelho de TV quanto pelo custo menor de uma produção eletrônica. Como em ambos o interesse comercial era proeminente, a saída que os grandes estúdios encontraram foi a criação de sistemas
impossíveis de serem reproduzidos em toda sua grandeza e magnitude pela TV. Em outras palavras, transformar o cinema num espetáculo insubstituível. Um deles foi a cor, outro, o som estereofônico e quadrifônico, e ainda outro, a retomada dos grandes formatos.
Surgiu daí o conceito de grande produção e da volta da bitola de 70mm. E, de fato, era realmente impossível reproduzir a experiência proporcionada pela sala escuranuma projeção em 70mm, dada a qualidade da imagem e som, que ainda hoje nenhuma outra bitola, tanto em película como vídeo, jamais alcançou.
O 70mm representou o auge do cinema espetáculo das décadas de 50 e 60, a era dos grandes estúdios e das grandes estrelas; projeções de 70mm em telas de mais de 100 metros de comprimento sem dúvida fizeram o cinema triunfar como indústria sobre a televisão, numa época em que a tecnologia eletrônica ainda era muito limitada.
Fig. 9 - Comparativo (fora da escala)
das bitolas 35 e 70mm.
quarta-feira, 29 de setembro de 2010
CAPÍTULO 1 - PRINCÍPIOS DE CINEMATOGRAFIA
CAPÍTULO 1
PRINCÍPIOS DE CINEMATOGRAFIA
O termo cinematografia vem de “cinematógrafo”, aparelho desenvolvido pelos irmãos Auguste e Louis Lumière na França, para projeção de imagens em movimento, e que coincidentemente ficou conhecido como cinema. O termo é usado nos EUA como sinônimo de ‘fotografia para cinema’, uma vez que a cinematografia subentende a captação de uma imagem cinematográfica, cuja técnica é de responsabilidade da equipe de fotografia.
Entretanto, o termo aqui no Brasil tende a ser mais amplo, envolvendo todas as funções do cinema.
É interessante notar como a captação cinematográfica se confunde, pelo menos etimologicamente, com a própria arte do cinema. Isso porque pode-se entender duas coisas,quando falamos de cinematografia: primeiramente, a função de fotógrafo e a equipe de
fotografia, ou seja, a Direção de Fotografia, que é a própria imagem do filme. Em segundo lugar,o próprio filme.
Mas falando especificamente da técnica que permite a captação da imagem com uma câmera de cinema, ou seja, a fotografia para cinema, toda ela é voltada para obtenção de uma imagem apurada, coerente com a proposta do filme e a mais objetiva possível dentro desta proposta. Para tanto, é preciso conhecer um pouco de fotografia tradicional, estática, pois nela estão todas as bases para a fotografia de cinema. A rigor, são exatamente a mesma fotografia, só que a de cinema abrange uma dimensão cinética, ou seja, inclui o movimento.
A Captação e a Projeção de Imagens
Podemos definir tecnicamente o cinema como uma sucessão de imagens numa tela,
obtidas por projeção óptica, em que se tem a sensação, pela troca rápida de imagens, de um movimento contínuo.
As imagens que possibilitam o cinema devem ser, portanto, translúcidas e positivas, uma vez que a projeção óptica necessita de um feixe de luz que transpasse a imagem gravada, e esta
seja formada e ampliada por uma lente, possibilitando assim sua projeção externa à própria imagem gravada. Por esse motivo, embora o conceito de projeção já existisse há muito tempo, foi preciso que se inventasse antes a fotografia, que é o suporte ideal para este tipo de projeção óptica. A fotografia demorou certo tempo até ser descoberta; o cinema, por consequência,também teve que esperar, apesar dos inúmeros apelos.
Para que este efeito funcione, há necessidade de capturar e projetar a imagem em sistemas similares, compatíveis e padronizados.
O instrumento utilizado para captação de imagens é a câmera cinematográfica,composta por elementos óticos e mecânicos (e modernamente alguns eletrônicos que regulam com maior precisão suas funções) que capturam uma sucessão de imagens, como uma câmera
fotográfica contínua.
Vejamos algumas câmeras e projetores:
Fig. 1 – Algumas câmeras famosas: A Paillard-Bolex (#1) 16mm, de fabricação suíça, em seu design clássico de 1935, movida à corda, fazendo dela uma das mais versáteis. Depois, a Fries Mitchell 35R3 (#2),famosa por permitir filmagens em High Speed. Em seguida, uma moderna câmera do sistema Panavision, a Panastar 35mm(#3). E, por fim, 3 câmeras 16mm: a Arriflex 16ST (#4) de 1952, primeira geração de câmeras 16 profisisonais, seguida da última geração, a Arriflex 16 SR3, de 1992. A Aaton XTR Plus (#6) é leve e possui design anatômico favorecendo a captação de documentários e planos com câmera na mão. Ambas estas 2 últimas são também câmeras para o formato Super-16.
Fig.2 - Esquema básico de um projetor caseiro, tipo Super-8 ou 16mm.
Embora maiores, os projetores 35mm possuem os mesmos princípios.
Mas a principal diferença entre ambos é que a câmera é dotada de um sistema de lentes para possibilitar a entrada de luz e imprimir uma película interna; e o projetor é dotado de um sistema de lentes e uma lâmpada interna cuja função é promover a saída da luz de seu interior.
No caminho, a luz perpassa uma transparência (o filme diapositivo) e a lente forma a imagem do fotograma para fora do aparelho, fazendo assim o percurso inverso ao da câmera.O melhor suporte para gravar esta imagem é o fotográfico, em que se tem justamente uma imagemformada sobre uma base ansparente, possibilitando sua projeção tanto para cópia como para exibição ampliada da imagem original.
Fig.3 – Esquema da trajetória da luz na captação e na projeção.
Como se obtém a captação
O princípio de captação de imagem no cinema é regido por um sistema mecânico presente nas câmeras de cinema conhecido como mecanismo de TRAÇÃO, e tem como principais elementos a GRIFA e o OBTURADOR. Através deste mecanismo duplo, o filme é puxado intermitentemente, sendo que mantém-se estável por uma fração de segundo e é novamente
puxado numa outra fração, permitindo que a imagem seja registrada
fotograficamente como uma sucessão de imagens estáveis, que ao serem
projetadas por mecanismo similar,darão a ilusão de movimento.
O obturador é um semi-círculoque gira continuamente sobre um eixo
central, sendo que quando está passando sua parte aberta, o fotograma está sendo exposto, equando está passando sua parte opaca, o fotograma está sendo trocado pela grifa.
Este movimento sucessivo imprime vários fotogramas por segundo
(a velocidade padrão é 24 f.p.s.),como se fossem tiradas várias fotos em seqüência de um determinado assunto.
Fig. 4 - Mecanismo de tração de uma câmera.
A grifa opera em sincronismo absoluto com o obturador, promovendo a troca de fotogramas a cada giro.
Observe as etapas da figura 5 ao lado, que descrevem o movimento do mecanismo de tração:
1) Obturador aberto. A película está sendo
exposta, permanecendo estática enquanto a grifa se
movimenta para pegar a perfuração do próximo
fotograma.
2) Obturador se fecha, e a película pára de ser
exposta. Neste momento coincide com a grifa que
pegou uma perfuração e puxa o filme, colocando
outro fotograma, ainda virgem, na janela.
3) A película avançou um fotograma e a grifa
se retira, enquanto o obturador está começando a
abrir novamente.
4) Obturador novamente aberto, expondo o
próximo fotograma, enquanto a grifa já está se
movimentando para engatar na próxima perfuração e
puxar mais uma vez o filme.
Fig. 5 - Mecanismo de tração Grifa / Obturador.
Este movimento é contínuo, resultando assim na tração do filme que, ao passar pela janela da câmera (onde está a grifa e o obturador), mantém cada fotograma exposto por uma fração de segundo, suficiente para registrar uma imagem ou projetá-la (movimento intermitente). Isso é feito 24 vezes durante um segundo, na velocidade padrão de captação em cinema. O mesmo sistema é utilizado na projeção, mas com obturador dividido em 3 partes.
A mesma experiência que Eadweard Muybridge fez em 1878 com uma série de câmeras fotográficas dispostas em fila e fotografado o movimento de um cavalo (fig. à esquerda), é
reproduzida numa câmera de cinema através deste mecanismo, obtendo assim uma sucessão de imagens.
Ilusão de Movimento
A razão pela qual esse sistema simula, ou antes, reproduz um movimento através de uma ilusão é motivo de certa controvérsia. Tradicionalmente, a mais aceita teoria que explica a sensação de movimento é a chamada Persistência da Retina, fenômeno pela primeira vez descrito em 1826 pelo médico Peter Mark Roget. Este fenômeno consiste na capacidade da retina em manter por uma fração de segundo uma imagem, mesmo depois desta haver mudado.
As células fotossensíveis da retina, os cones e bastonetes, transformam a energia luminosa em impulsos bio-elétricos, e estes são enviados para o cérebro, que então os interpreta como imagem. Por isso, em última análise, poderíamos dizer que é o cérebro que realmente "vê". Mesmo depois do cérebro ter recebido os impulsos, a retina continua mandando informações, por aproximadamente 1/10 de segundo após o último estímulo luminoso. Por este motivo, se uma
imagem for trocada numa velocidade maior do que esta, elas tendem a fundir-se no cérebro, provocando a sensação de movimento contínuo.
Foi o físico belga Joseph-Antoine Plateau quem mediu pela primeira vez este tempo da persistência retiniana, por volta de 1830, permitindo assim que diversos aparelhos de reprodução de imagens em movimento pudessem ser desenvolvidos, como o Taumatropo, o Praxinoscópio, o Zootropo, Fenaquistoscópio, além do próprio Kinetoscópio de Edison e o Cinematógrafo dos irmãos Lumière. Isso sem mencionar uma longa série de outros com nomes mais esdrúxulos, e que constam dos anais da História do Cinema.
Uma outra teoria é citada por Arlindo Machado em seu livro Pré-Cinemas e Pós-Cinemas,segundo o qual o psicólogo Max Wertheimer em 1912 descobriu um fenômeno de ordem psíquica a que ele denominou Phi: "se dois estímulos são expostos aos olhos em diferentes posições, um após o outro e com pequenos intervalos de tempo, os observadores percebem um único estímulo que se move da posição primeira à segunda."
Esta teoria não invalida a persistência retiniana e pode ser interpretada de diferentes maneiras: ou apenas postula ser um fenômeno psíquico e não físico, ou ainda é um fenômeno complementar, cuja sensação pode ser ser advinda justamente da persistência retiniana. Há autores que consideram um engano comparar o fenômeno Phi com o da Persistência Retiniana,pois seriam duas análises, sob interpretações diferentes, do mesmo objeto.
Ambos os casos, na verdade, não modificam em nada o fato do cinema se valer de uma falha da visão para criar a ilusão de movimento.
24 fotogramas por segundo (f.p.s.)Tecnicamente, o sistema de tração de uma câmera nada mais faz do que registrar fotograficamente uma quantidade de imagens num curto intervalo de tempo. Na captação, a
troca rápida permite obter um filme com as sucessivas partes de um movimento congeladas, e na projeção, essas partes são vistas como um contínuo movimento. Este sistema pode variar sua velocidade de captação (e conseqüentemente de projeção) enormemente, pois desde 1/10 de segundo de exposição, qualquer velocidade já seria suficiente para dar impressão de movimento.
Entretanto, é sabido que quanto maior for esta velocidade (considerando iguais na captação e na projeção), melhor ficaria a qualidade do movimento registrado, pois equivaleria a dividir em
mais quadros, e portanto, mais precisamente um movimento qualquer.
Entretanto, utilizar uma velocidade muito alta significa muito mais quantidade de filme para capturar o mesmo tempo de um movimento, e a relação entre o custo e o benefício não justificam grandes velocidades de captação, de maneira que o cinema mudo se utilizava de 16 a 18 fotogramas por segundo.
A padronização dos 24 f.p.s veio com o cinema sonoro, quando da invenção do sistema Movietone, ou som gravado diretamente na película. Isso aconteceu porque a projeção em 16 ou 18 f.p.s sonoros causavam grandes distorções no som, pela pouca velocidade com que a película passava no leitor óptico do projetor. Assim, era necessário aumentar a velocidade da projeção para que o som respondesse satisfatoriamente. Mas aumentar a velocidade de projeção exige também que se aumente o padrão de captação, pois ambos devem rodar na mesma velocidade para simular um movimento corretamente (a não ser que se queira câmera lenta ou câmera rápida, conforme explicado adiante).
E assim, a melhor relação custo/benefício entre o qualidade do som e o gasto com película foi calculado em 24 f.p.s.
Velocidade de Captação
A alteração na velocidade do mecanismo grifa/obturador permite dois efeitos comuns em cinema: Câmera Lenta e Câmera Rápida.
Levando-se em conta que a velocidade padrão de projeção é 24 f.p.s, quando filmamos a mais fotogramas por segundo, por exemplo, 48 f.p.s., estamos capturando imagens no dobro da velocidade de projeção, e, se esta não for alterada, estamos fazendo Câmera Lenta. Levando-se em conta esta velocidade padrão de projeção, qualquer velocidade acima dela terá como efeito ou resultado a câmera lenta, em diferentes graus.
Em contrapartida, considerando o mesmo padrão 24 f.p.s, e filmamos a menos quadros por segundo, como por exemplo, 12 f.p.s, temos então a metade das imagens que teríamos a 24
f.p.s, mas sendo projetado sempre a 24 f.p.s. A isto corresponde a Câmera Rápida.
A nomenclatura em português é dada segundo a projeção, ou seja, ao vermos o movimento mais lento, chamamos de câmera lenta. Mas em inglês, esta nomenclatura é dada segundo a captação, sendo a indicação para câmera lenta High Speed, e câmera rápida, Low
Speed, pois na câmera lenta a velocidade de captação é maior e vice-versa.
É importante frisar que estas medidas são consideradas levando-se em conta a velocidade de projeção 24 f.p.s., que, se for alterada, também por conseqüência os valores das câmeras lenta e rápida sofrerão alteração.
Proximo Capítulo - Bitolas e Formatos.
segunda-feira, 27 de setembro de 2010
Charles Spencer Chaplin Jr - Charlie Chaplin
Nada melhor que começarmos nosso blog sobre Cinema falando do cara que realmente mudou a história da Sétima Arte, estamos falando de Charles Spencer Chaplin Jr, isso mesmo, nosso querido Charlie Chaplin, nascido em 16 de Abril de 1889 em Londres na Inglaterra, foi um grande ator, diretor, roteirista, e muitas outras coisas. Fez um imenso sucesso no periodo conhecido como Era de Ouro do Cinema dos EUA.
Ele não só atuou, dirigiu, escreveu, produziu e eventualmente compôs a trilha sonora de seus próprios filmes, tornando um grande mito na era do Cinema Mudo. Tinha uma grande influencia pelo comediante francês Max Linder, a quem dedicou um de seus filmes. Sua carreira durou mais de 75 anos, desde pequeno com atuações nos teatros do Reino Unido na Era Vitoriana.
Juntamente com Mary Pickford, Douglas Fairbanks e D. W. Griffith Chaplin co-fundou a United Artists em 1919.
Em 1915, ele estourou o mundo dilacerado pela guerra tranzendo o dom da comédia, risos e alívio enquanto ele próprio estava se dividindo ao meio pela Primeira Guerra Mundial.
É duvidoso que algum outro indivíduo tenha dado mais entreterimento, prazer e alívio para tantos seres humanos quando eles mais precizavam.
Por sua inigualável contribuição ao desenvolvimento da sétima arte, Chaplin é o mais homenageado cineasta de todos os tempos, sendo ainda em vida condecorado pelos governos britânico (Cavaleiro do Império Britânico) e francês (Légion d 'Honneur), pela Universidade de Oxford (Doutor Honoris Causa) e pela Academia de Artes e Ciências Cinematográficas dos Estados Unidos (Oscar especial pelo conjunto da obra, em 1972).
Seu principal e mais conhecido personagem é conhecido como Charlot, na França e no mundo francófono, na Italia, Espanha, Portugal, Grécia, Romênia e Turquia, e como Carlitos ou também "O Vagabundo" (The Tramp) no Brasil, um andarilho pobretão que possui todas as maneiras refinadas e a dignidade de um cavalheiro, usando um fraque preto esgarçado, calças e sapatos desgastados e mais largos que o seu número, um chapéu-coco ou cartola, uma bengala de bambu e - sua marca pessoal - um pequeno bigode-de-broxa.
Chaplin foi uma das personalidades mais criativas que atravessou a era do cinema mudo, atuou, dirigiu, escreveu, produziu e financiou seus próprios filmes. Foi também um talentoso jogador de xadrez e chegou a enfrentar o campeão estadunidense Samuel Reshecsky.
Charles Spencer Chaplin era canhoto, seus pais eram artistas de music-hall, seu pai, Charles Spencer Chaplin Sr., era vocalista e ator, e sua mãe, Hannah Chaplin, era cantora e atriz. Chaplin aprendeu a cantar com seus pais, os quais se separaram antes dele completar três anos de idade. Após a separação, Chaplin foi deixado aos cuidados de sua mãe, que estava cada vez mais instável emocionalmente. O censo de 1891 mostra que sua mãe morava com Charlie e seu meio-irmão mais velho Sydney na Barlow Street, Walworth.
Um problema de laringe acabou com a carreira de cantora da mãe de Chaplin. A primeira crise de Hannah ocorreu em 1894 quando ela estava cantando no "The Canteen", um teatro em Aldershot, geralmente frequentado por manifestantes e soldados. Além de ser vaiada, Hannah foi gravemente ferida pelos objetos atirados pela platéia. Nos bastidores, ela chorava e argumentava com o seu gerente. Enquanto isso, com apenas cinco anos de idade, o pequeno Chaplin subiu sozinho ao palco e cantou uma música popular da época, "Jack Jones".
O pai de Chaplin, Charles Chaplin Sr., era alcoólatra e tinha pouco contato com seu filho, apesar de Chaplin e seu meio-irmão morarem durante um curto período de tempo com seu pai e sua amante, Louise, na 287 Kennington Road, onde atualmente há uma placa em homenagem ao fato. Os meio-irmãos viviam ali, enquanto sua mãe, mentalmente doente, residia no Asilo Cane Hill em Coulsdon.
A amante do pai de Chaplin enviou o menino para a Archbishop Temples Boys School. Seu pai morreu de cirrose no fígado quando Chaplin tinha doze anos, em 1901. De acordo com o censo de 1901, Chaplin residia na 94 Ferndale Road, Lambeth.
Chaplin nunca explicou detalhadamente seus métodos de filmagem, alegando que tal coisa seria o mesmo que um mágico revelar seus truques. Na verdade, antes dele produzir filmes falados, começando com O Grande Ditador em 1940, Chaplin nunca começou a filmar a partir de um roteiro completo. O método que ele desenvolveu, visto que seu contrato com o Essanay Studios deu-lhe a liberdade de roteirizar e dirigir seus filmes, foi a partir de uma vaga premissa - por exemplo, "Carlitos entra em um spa” ou "Carlitos trabalha em uma loja de penhores". Chaplin tinha cenários já construídos e trabalhava com seu elenco estático para improvisar piadas em torno das premissas, quase sempre pondo as idéias em prática na hora das filmagens. Enquanto algumas idéias eram aceitas e outras rejeitadas, uma estrutura narrativa começava a emerger, muitas vezes exigindo que Chaplin refilmasse uma cena já concluída que poderia ir contra o enredo. Esta é uma razão pela qual Chaplin levou muito mais tempo para concluir seus filmes do que seus rivais. Além disso, Chaplin era um diretor extremamente exigente, mostrando a seus atores exatamente como eles deveriam atuar e filmando dezenas de tomadas até conseguir a cena que ele queria. O animador Chuck Jones, que morava perto do estúdio de Chaplin quando era garoto, lembra de seu pai dizendo que viu Chaplin filmar uma cena mais de cem vezes até ficar satisfeito. Esta combinação de improvisação do enredo e perfeccionismo que resultou em vários dias de esforço e milhares de metros de filme desperdiçados, tudo a um enorme custo—quase sempre revelou-se muito oneroso para Chaplin, que muitas vezes descarregava sua raiva e frustração em seus atores e sua equipe, mantendo-os esperando parados durante horas ou, em casos extremos, cancelando completamente a produção. As técnicas de Chaplin foram descobertas somente após sua morte, quando as raras tomadas de pré-produção e cenas cortadas de seus filmes foram cuidadosamente analisadas no documentário britânico Unknown Chaplin, de 1983.
Nada melhor que começarmos nosso blog sobre Cinema falando do cara que realmente mudou a história da Sétima Arte, estamos falando de Charles Spencer Chaplin Jr, isso mesmo, nosso querido Charlie Chaplin, nascido em 16 de Abril de 1889 em Londres na Inglaterra, foi um grande ator, diretor, roteirista, e muitas outras coisas. Fez um imenso sucesso no periodo conhecido como Era de Ouro do Cinema dos EUA.
Ele não só atuou, dirigiu, escreveu, produziu e eventualmente compôs a trilha sonora de seus próprios filmes, tornando um grande mito na era do Cinema Mudo. Tinha uma grande influencia pelo comediante francês Max Linder, a quem dedicou um de seus filmes. Sua carreira durou mais de 75 anos, desde pequeno com atuações nos teatros do Reino Unido na Era Vitoriana.
Juntamente com Mary Pickford, Douglas Fairbanks e D. W. Griffith Chaplin co-fundou a United Artists em 1919.
Em 1915, ele estourou o mundo dilacerado pela guerra tranzendo o dom da comédia, risos e alívio enquanto ele próprio estava se dividindo ao meio pela Primeira Guerra Mundial.
É duvidoso que algum outro indivíduo tenha dado mais entreterimento, prazer e alívio para tantos seres humanos quando eles mais precizavam.
Por sua inigualável contribuição ao desenvolvimento da sétima arte, Chaplin é o mais homenageado cineasta de todos os tempos, sendo ainda em vida condecorado pelos governos britânico (Cavaleiro do Império Britânico) e francês (Légion d 'Honneur), pela Universidade de Oxford (Doutor Honoris Causa) e pela Academia de Artes e Ciências Cinematográficas dos Estados Unidos (Oscar especial pelo conjunto da obra, em 1972).
Seu principal e mais conhecido personagem é conhecido como Charlot, na França e no mundo francófono, na Italia, Espanha, Portugal, Grécia, Romênia e Turquia, e como Carlitos ou também "O Vagabundo" (The Tramp) no Brasil, um andarilho pobretão que possui todas as maneiras refinadas e a dignidade de um cavalheiro, usando um fraque preto esgarçado, calças e sapatos desgastados e mais largos que o seu número, um chapéu-coco ou cartola, uma bengala de bambu e - sua marca pessoal - um pequeno bigode-de-broxa.
Chaplin foi uma das personalidades mais criativas que atravessou a era do cinema mudo, atuou, dirigiu, escreveu, produziu e financiou seus próprios filmes. Foi também um talentoso jogador de xadrez e chegou a enfrentar o campeão estadunidense Samuel Reshecsky.
Charles Spencer Chaplin era canhoto, seus pais eram artistas de music-hall, seu pai, Charles Spencer Chaplin Sr., era vocalista e ator, e sua mãe, Hannah Chaplin, era cantora e atriz. Chaplin aprendeu a cantar com seus pais, os quais se separaram antes dele completar três anos de idade. Após a separação, Chaplin foi deixado aos cuidados de sua mãe, que estava cada vez mais instável emocionalmente. O censo de 1891 mostra que sua mãe morava com Charlie e seu meio-irmão mais velho Sydney na Barlow Street, Walworth.
Um problema de laringe acabou com a carreira de cantora da mãe de Chaplin. A primeira crise de Hannah ocorreu em 1894 quando ela estava cantando no "The Canteen", um teatro em Aldershot, geralmente frequentado por manifestantes e soldados. Além de ser vaiada, Hannah foi gravemente ferida pelos objetos atirados pela platéia. Nos bastidores, ela chorava e argumentava com o seu gerente. Enquanto isso, com apenas cinco anos de idade, o pequeno Chaplin subiu sozinho ao palco e cantou uma música popular da época, "Jack Jones".
O pai de Chaplin, Charles Chaplin Sr., era alcoólatra e tinha pouco contato com seu filho, apesar de Chaplin e seu meio-irmão morarem durante um curto período de tempo com seu pai e sua amante, Louise, na 287 Kennington Road, onde atualmente há uma placa em homenagem ao fato. Os meio-irmãos viviam ali, enquanto sua mãe, mentalmente doente, residia no Asilo Cane Hill em Coulsdon.
A amante do pai de Chaplin enviou o menino para a Archbishop Temples Boys School. Seu pai morreu de cirrose no fígado quando Chaplin tinha doze anos, em 1901. De acordo com o censo de 1901, Chaplin residia na 94 Ferndale Road, Lambeth.
Chaplin nunca explicou detalhadamente seus métodos de filmagem, alegando que tal coisa seria o mesmo que um mágico revelar seus truques. Na verdade, antes dele produzir filmes falados, começando com O Grande Ditador em 1940, Chaplin nunca começou a filmar a partir de um roteiro completo. O método que ele desenvolveu, visto que seu contrato com o Essanay Studios deu-lhe a liberdade de roteirizar e dirigir seus filmes, foi a partir de uma vaga premissa - por exemplo, "Carlitos entra em um spa” ou "Carlitos trabalha em uma loja de penhores". Chaplin tinha cenários já construídos e trabalhava com seu elenco estático para improvisar piadas em torno das premissas, quase sempre pondo as idéias em prática na hora das filmagens. Enquanto algumas idéias eram aceitas e outras rejeitadas, uma estrutura narrativa começava a emerger, muitas vezes exigindo que Chaplin refilmasse uma cena já concluída que poderia ir contra o enredo. Esta é uma razão pela qual Chaplin levou muito mais tempo para concluir seus filmes do que seus rivais. Além disso, Chaplin era um diretor extremamente exigente, mostrando a seus atores exatamente como eles deveriam atuar e filmando dezenas de tomadas até conseguir a cena que ele queria. O animador Chuck Jones, que morava perto do estúdio de Chaplin quando era garoto, lembra de seu pai dizendo que viu Chaplin filmar uma cena mais de cem vezes até ficar satisfeito. Esta combinação de improvisação do enredo e perfeccionismo que resultou em vários dias de esforço e milhares de metros de filme desperdiçados, tudo a um enorme custo—quase sempre revelou-se muito oneroso para Chaplin, que muitas vezes descarregava sua raiva e frustração em seus atores e sua equipe, mantendo-os esperando parados durante horas ou, em casos extremos, cancelando completamente a produção. As técnicas de Chaplin foram descobertas somente após sua morte, quando as raras tomadas de pré-produção e cenas cortadas de seus filmes foram cuidadosamente analisadas no documentário britânico Unknown Chaplin, de 1983.
Isso é um pouco da história dessa figura que até hoje faz a gente rir e esquecer um pouco dos problemas que a vida nos traz.
Chaplin não foi apenas 'grande', ele foi gigantesco.